ESTASE - Estado Sensível como Estado virtual
A inspiração para a constituição desse Estado a existência virtual de algumas entidades entre elas os Estados Islâmicos, mas usados com intuito de criar poética e partilha do sensível. A ideia era usar a virtualidade dessas instituições e os atos de reivindicar ataques para constituir ações poéticas. Outra referência para criação desse Estado foi o território Principado de Sealand, considerado por comentadores externos como uma micronação, mas seus moradores o consideram um Estado soberano e independente. O território ocupa uma grande base naval construída pelo Reino Unido durante a segunda guerra mundial. reconhecida pela ONU localizada no Mar do Norte, sudoeste da Inglaterra . Um dos principais elementos que trouxe dessa inspiração é a possibilidade de constituição de um Estado que ocupe territórios já associados a outros países para constituir o sensível. Mas a inspiração principal veio da arte como estado de invenção de Hélio Oiticica, e, movida pelo desejo de desassociar o Ministério do Territórios Sensível (MITESE) do Estado Brasileiro, embora estivesse ocupando as terras brasileiras o MITESE, senti que precisava criar um Estado, foi assim que constituí o Estado Sensível e me empossei como 1ª Ministra. Como primeiro ato como 1ª Ministra do ESTASE, decretei que esse Estado assimilaria todas as ações do MITESE.
Embora a ideia de criação desse Estado tenha sido gestada em 2020 só foi realizado como ato performático de constituição do ESTASE em fevereiro de 2022, por meio de uma portaria do MITESE publicada no DORS em 15 de fevereiro de 2022. Nesse mesmo documento Mari Moura se autoempossou 1ª Ministra do ESTASE e de estabeleceu que esse estado assimilaria todas os projetos e criações do MITESE. A partir de então ela passou a se declarar oficialmente 1ª Ministra do Estado Sensível.
Optou-se pelo termo Estado (do latim status: modo de estar, situação, condição) no intuito de que ele possa estabelecer um ato soberano de constituição do sensível, podendo ter uma estrutura própria e politicamente organizada, bem como designar o conjunto das instituições e participantes que organizam e administram os atos performáticos. Um outro termo que compõe esse estado é o termo sensível. O que é o sensível? O sensível é quando... é tão mais fácil dar exemplo do que arriscar uma definição. Por que será? Porque é da natureza do sensível apresentar-se como inapreensível. Impossível de ter, reter, deter... Quando supomos agarrá-lo, é porque já nos escapou. Quando tentamos detê-lo, é porque já se evadiu. Damos de ombro à distância, resignados, quando estávamos certos da sua presença, era só não-presença. E, quando menos esperado, eis que aparece de supetão.
O Estado Sensível aparece mais visível e colorido na sua não-presença. E bem mais incerto e dubitativo na sua presença. Reconheço o Estado Sensível pelo sorriso no rosto, pelo aperto de mão, por um abraço, pelo olhar carinhoso após uma conversa, por um barulho na porta que se faz ao partir. Na ruptura do instante que virou memória, na vida que virou relato, na sensação que virou narrativa, é aqui onde encontro o sensível como soberano. Viscoso, escorregadiço, sempre presente e não-presente, sempre no Entre, ainda assim, no sensível. Esse Estado parece está presente por trás de tudo que faço e penso, tudo que anuncio em seu nome, todos os meus atos performáticos.
O Estado Sensível não serve para nada. Não tem valor mensurado. Tem valor desvinculado. Incondicionado. Independente. Em si mesmo. Nada tem a ver, portanto, com alguma utilidade, sua soberania é unicamente constituir o sensível. Por isso talvez eu o tenha instituído, mesmo sem saber ao que ele corresponde, eu o presentifico em atos performáticos que para dar a me sentir entrepresente. Como 1ª Ministra só assumo o dever do acontecer na vida em performance, quando convido o outrem a performar comigo em nome desse Estado minha única certeza de que naquele instante o constituímos e o instituímos juntos e em partilha do sensível no entre do espaço tangível com o ciberespaço.
Encontra-se em Hélio Oiticica (1986) que o corpo é um órgão de expressão. O corpo é política, portanto, é a partir dele que me posiciono em nome do Estado Sensível. No Estado Sensível somos seres sociais, o outrem não é uma opção, é uma necessidade. Performar é fazer junto: dividir com outrem, partilhar experiências e criar junto. Tudo está interconectado, interligado, são experiências vivas. Ver o todo manifesto. Tudo está entrelaçado e junto nos afetamos e criamos.