MITESE - Ato de constituir territórios sensíveis
Enquanto Ministra do MITESE a Ministra Mari Moura participou de três residências do Projeto Territórios Sensíveis e do Coletivo Coordenadas Cadentes da UnB. Em ambos os projetos realizei ações performáticas que constituíram a entrepresença como uma noção estética da criação de performances. A performance inicial foi a criação e autoposse como Ministra do MITESE, e a partir dessa ação outras foram constituídas e passaram a figurar como projetos da pasta do MITESE.
No início de 2019 fui convidada pela coordenadora Walmeri Ribeiro para participar do Projeto Territórios Sensíveis na Baía de Guanabara. Segundo informação colhida no site do Territórios Sensíveis na Baía de Guanabara, o projeto é uma pesquisa- criação em artes, baseado em uma prática colaborativa e em ações performativas realizadas entre artistas, comunidades locais e cientistas, que consideram este lugar como um território de pesquisa. O foco de pesquisa e criação do projeto versa sobre a poluição das águas, o projeto petropolítico em curso, e, sobretudo, o impacto dessa poluição e sufocamento na vida cotidiana das comunidades locais, e, entre 2019-2020, foram realizados 4 (quatro) laboratórios de pesquisa-criação na Ilha do Governador – Colônia Z-10 e na Ilha de Paquetá. Depois de um ano de encontros, experiências e imersão na Baía de Guanabara, foi realizada uma residência na Galeria Z-42. Durante 5 (cinco) dias de encontro a equipe que integrava o projeto reencontra-se para criar junto, refletir sobre tudo o que foi vivenciado e compartilhar as ações com um público mais amplo.
No segundo semestre de 2019 a Ministra integrou o Coletivo Coordenadas Cadentes. O Coletivo de 23 artistas pesquisadores (mestrandos e doutorandos) do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília que cursaram a disciplina Métodos e Processos em Arte Contemporânea da linha de pesquisa Deslocamentos e Espacialidades, ministrada no segundo semestre de 2019 pela professora Karina Dias, como aluna do curso de doutorado do PPGAV integrei o coletivo de artistas na disciplina. Durante o semestre desenvolveu-se uma ação coletiva com o mesmo nome do coletivo, Coordenadas Cadentes, que teve duração de três dias, foi composta de intervenções artísticas pela cidade de Brasília. Desde o início da disciplina me apresentei como ministra do MITESE e falei das atividades que estava realizando junto ao projeto Territórios Sensíveis. A função como Ministra do MITESE foi ganhando corpo de modo que não consegui desvincular minhas criações desse estado performático, foi assim que ao longo do semestre em parceria com o coletivo Coordenadas Cadentes propus três criações performáticas.
A primeira ação foi a criação visual de placas, que surgiu de uma conversa despretensiosa com o artista Silvino Mendonça (que conheci durante a disciplina). Essa conversa despretensiosa estendeu-se para um chat do Instagram e e-mail, onde combinamos criação das placas. Em seguida realizei as performances Divisa sensível e Transposição de Território junto ao coletivo Coordenadas Cadentes. Além da exposição
Coordenadas Cadentes o coletivo publicou artigos científicos em duas edições da revista Metagraphia.
Um dos termos que constitui esse Ministério e o de território e aqui ele é utilizado tanto no sentido de um local em que se estabelecem relações existenciais que se configuram, desconfiguram e reconfiguram constantemente, mas também numa perspectiva micropolítica a partir da proposição cartográfica de Suely Rolnik (1989) . Também não se deixa de fora o sentido da geográfico, e olho para ele como instrumento de guerra, ordenação, dominação e conquista de diferentes porções de terra, cobiçadas por estratégias políticas e econômicas, em uma perspectiva macropolítica.
Essa entrepresença performática de encontro com outrem é um momento no tempo, um momento de vida juntos mediado pelo tangível e o digital. Esse encontro que ocorre pela a invasão e ocupação do espaço tangível em simultâneo com o espaço virtual, produz uma presença tangível e presença virtual ao mesmo tempo. Em deslocamentos mediados por dispositivos tecnológicos incorporados ao corpo foi possível extrapolar os limites da pele, rasgar tempos e ampliar as fronteiras corporais da presença e da não-presença mediadas pelo digital.